A preocupação com a
crise no Ensino Médio não é assunto novo. O que trago de inovador neste artigo
é o fechamento de uma pesquisa que realizei junto aos alunos de uma escola, que
denominarei de Escola Ágata, situada no Bairro Esperança, localizado em
qualquer ponto do RS. Os alunos que compõem as três turmas do Ensino Médio da
Escola Ágata também são alunos como os demais que estamos acostumados a trabalhar:
adolescentes felizes, problemáticos, sonhadores, esperançosos.... As atitudes
que eles apresentam também retratam o que lemos teoricamente sobre a Geração Z:
nasceram entre os anos de 1990 e 2005 e hoje se encontram na faixa etária dos
08 aos 23 anos.
Segundo dados consultados sobre a Teoria das Gerações, após
as Gerações X e Y estamos em plena convivência com a Geração Z. Esta,
diferentemente das anteriores por alguns pontos, convive com os avanços
tecnológicos: internet, aparelhos digitais, recursos tecnológicos que, muitas
vezes, os pais não dominam. Mas, o acesso excessivo a esses recursos
tecnológicos pode estimular as características do individualismo, a baixa
expressão de afeto e a criação de um mundo paralelo, o virtual. Para ler mais
sobre o assunto recomendo o site: http://www.jornalcco.com.br/noticia/3618/Teoria-das-Geracoes--conheca-as-caracteristicas-da-Geracao-Z.
A experiência que
relato faz parte de uma pesquisa que iniciei no mês de agosto de 2012 e conclui
parcialmente em julho de 2013, para poder participar do projeto “PRÊMIO RBS DE
EDUCAÇÃO”, pois o tempo de envio do relatório está se expirando.
Dessa forma, a
pesquisa apresenta dados verdadeiros e que podem ser comprovados de muitas
formas: pelas postagens que já fiz no facebook pessoal e que foram
compartilhadas pelos alunos, pela conversa direta com os mesmos ou através dos
resultados a que cheguei, valendo-me de uma pesquisa quantitativa, aplicada por
uma entrevista escrita, em sala de aula. Em seguida procedi ao tabulamento dos
dados, usando uma técnica comum, de contagem das respostas de acordo com o que
eles escreveram. A faixa etária dos alunos apresentou a seguinte divisão, num
total de 47 alunos:
* com 17 anos: 1
aluno
* com 16 anos: 9
alunos
* com 15 anos: 18
alunos
* com 14 anos: 11
alunos
* com 13 anos: 1
aluno
Dessa forma, o perfil
dos alunos que formaram o Grupo 1 é composto de adolescentes matriculados na
Escola Ágata, no 1º, 2º e 3º ano do Ensino Médio, sendo que somente o 3º ano
não está incluído no Ensino Médio Politécnico.Os
47 estudantes participantes da
pesquisa podem ser incluídos na Geração Z.
Também, levantei os
principais interesses dos alunos em se tratando de leitura. A constatação de
que os jornais são as fontes mais apreciadas e buscadas me fez lançar um novo
olhar sobre a forma como eu trabalharia a leitura. A rejeição pelos livros,
constatada já através de conversas informais, deu-me a certeza de que deveria
introduzir o jornal em todas as oportunidades, para prepará-los para manterem
uma relação de empatia entre leitorXtexto. Os dados levantados apontaram que,
dos 47 alunos entrevistados 32 preferem ler jornal e somente 4
livros.
De posse desses dados, achei conveniente
pesquisador o porquê da leitura do Grupo 1 se concentrar na preferência da
leitura tendo o jornal como fonte. E descobri que o fato estava relacionado à
facilidade de acesso a essa fonte que eles possuíam devido à internet, através
do smartphones, computadores e visitas ao telecentro do Bairro. Vislumbrei uma
oportunidade de me valer dessas ferramentas para mostrar a importância da
leitura na vida de cada um e que o jornal era uma excelente maneira de estar a
par do que acontece no mundo, ter contato com editoriais, histórias em
quadrinho, enfim todos os tipos de assuntos. Esse fato também vinha contemplar
o tablet que eu ganhara da Secretaria da Educação para ser usado como
ferramenta para o Ensino Médio. E dessa forma introduzi no ano de 2013 a
leitura e exploração do jornal como fonte motivadora da leitura e através dos
textos que seleciono do mesmo trabalho o conteúdo de forma globalizada,
explorando os aspectos gramaticais e principalmente o entendimento daquilo que
leem.
Dessa forma, o Ensino Médio tem representado para
meus alunos uma fonte de prazer, as aulas são dadas em cima de
contextualizações advindas dos jornais, eles ampliaram o vocabulário e se
revelaram excelentes leitores e chargistas em potencial. Sim, a maior
descoberta ocorreu exatamente neste ponto: se identificaram muito com a charge
e estou explorando o máximo esse aspecto. Eles produzem charges de dar inveja a
muitos profissionais consagrados no mercado. A mediação estabelecida no Grupo1
ocorreu através da relação que eles estabeleceram entre a charge e o
entendimento do texto. Expressam-se sem problemas, tanto construindo as charges
como as apresentando, oralmente, aos colegas.
A crise no Ensino Médio não pode ser negada. Mas ela
pode ser contornada através de uma metodologia adequada e diferenciada para
cada grupo de alunos, por meio de uma pesquisa sócio-antropológica verdadeira, participativa,
onde os alunos se sintam elementos integrantes do contexto que estão inseridos.
Essa pesquisa-diagnóstico me fez repensar a prática
pedagógica na Escola Ágata. Eu precisava apresentar os conteúdos de Língua
Portuguesa e de Literatura para tentar atrair meus alunos e lhes mostrar que o
mundo, além da sala de aula, exigia muito mais de cada um deles para vencer
qualquer etapa da caminhada. E talvez, a única oportunidade que eles fossem ter
para estar na escola, em contato com o ensino formal, era agora. Por isso me
decidi abandonar os livros tradicionais e trabalhar a partir do jornal. Pelo
menos por enquanto, pois espero que a partir da relação que eles estabelecem
entre o texto do jornal e o gosto pela leitura eles mesmos vão ampliando suas
necessidades e sentindo que precisam ler livros também.