quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Participação em Seminário de Formação de Professores

Palestrei no dia 15 de julho de 2011, na cidade de Putinga, para professores estaduais e municipais, através do Instituto 1ª Opção, abordando os DESAFIOS DIÁRIOS QUE INTERFEREM NA ATUAÇÃO DOCENTE.


sexta-feira, 24 de junho de 2011

CULTURA BRASILEIRA: O VÍRUS DA CORRUPÇÃO RESISTE À VACINA

A divulgação da corrupção se tornou um assunto frequente entre nós. Parece que nem nos abalamos mais com tanta impunidade. Esta guerra tem sido responsável pela fuga de milhões de reais dos cofres públicos sem retorno previsto, ainda. A Polícia Federal nunca trabalhou em tantas missões “impossíveis” e que se tornaram também comuns aos policiais, ocupando-lhes o tempo que poderiam, por exemplo, realizar tarefas que não fossem somente relacionadas à investigação de crimes do colarinho branco.

Enquanto isso, as questões vitais para a manutenção da qualidade de vida dos brasileiros seguem de mal a pior. Os hospitais cada vez mais comprometidos em número de leitos e atendimento; as escolas com necessidade urgente de recursos humanos de apoio para o atendimento interdisciplinar dos alunos; a segurança com um número aquém de pessoas para mantê-la. A droga tomando conta e destruindo famílias, sem que o atendimento público seja oportunizado a este problema de saúde pública. E o desperdício prossegue em alta escala.

A democracia da qual nos orgulhamos tanto em possuir mostra a sua face mais cruel. A liberdade que temos de nos manifestar livremente, assegurada pela Constituição Federal, esbarra na falsa interpretação de que quando somos contra uma iniciativa e nos posicionamos em desacordo a ela estamos sendo contrários a pessoa ou ao partido político que a criou. Isso demonstra que não sabemos fazer a leitura de mundo e nem interpretar corretamente os fatos. Posso ser contra uma ideia e gostar muito da pessoa que teve essa ideia. Ou o contrário. Posso não ser simpatizante de uma pessoa, mas reconhecer o mérito que ela tem em propor ações solidárias, coletivas, em vista do bem comum.

Nós ainda não assimilamos que a educação está por trás de tudo isso. Que um povo educado e consciente dos seus direitos também deve estar ciente de seus deveres. Logo, se pagamos todos os “impostos” que somos obrigados por lei, temos o direito de cobrar de quem arrecada o retorno dos mesmos em forma de benefício para a população. Por isso não podemos nos calar diante da impunidade, do leilão de cargos, da corrupção, da falta de investimentos governamentais em infraestrutura, da farra com o dinheiro público, da deseducação do povo, que tem se contentado com o paternalismo estatal sem questionar, sem se revoltar, sem cobrar de forma pertinente.

Penso, na simples condição de cidadã preocupada, que uma democracia sem oposição e sem questionamento é tão grave quanto um sistema repressivo. Somos livres para votar, mas depois de eleitos, nossos representantes não poderiam ser livres para concordar com tudo o que discordaram no decurso da campanha eleitoral. Afinal, eles foram eleitos para nos representar e não para se autopromoverem. E o que temos assistido é um festival de desmandos, de agressões verbais e físicas, de conchavos sem explicação.

Enquanto isso, o país se prepara para sediar uma Copa de Mundo e uma Olimpíada que não tem condições estruturais para bancar. O dinheiro investido para mostrar o Brasil para o mundo em poucos dias significa a continuidade do sacrifício do povo, que encherá os olhos de cenas coloridas e surreais em nome da vontade de alguns poucos. O preço de tudo isso será salgado: diminuição das verbas públicas para as necessidades emergentes e superfaturamento das obras para uma aparição pública.

E nossos representantes, eleitos para nos defender, continuarão impassíveis diante dessa realidade?????

domingo, 10 de abril de 2011

A ESCOLA NAS PÁGINAS POLICIAS: UMA REFLEXÃO A PARTIR DA CARNIFICINA NO RIO DE JANEIRO
Um balanço das manchetes midiáticas dos últimos seis meses mostra a realidade social e econômica do Brasil, onde se aprofundaram as diferenças de poder aquisitivo, se deterioraram as condições de saúde, segurança e educação (que já eram ruins) e mascaram a nossa verdadeira realidade, nos dando a falsa impressão de que tudo vai bem, a despeito dos baixos salários pagos aos trabalhadores que realmente sustentam a economia do país. O que importa aos governantes é a arrecadação desenfreada, ambiciosa, de recolher mais aos cofres públicos, distribuir entre os que não produzem (através dos benefícios dados pelas “bolsas” e outras regalias semelhantes) e distribuir entre o velho sistema do “compadrio”, através do leilão de cargos utópicos e desnecessários, sem se importar com o destino do país.
Favorecidos por este cenário temos nos defrontado diariamente com os problemas de violência: em casa, na escola, no trabalho, na rua, nos presídios, enfim em todos os segmentos e classes sociais. Neste contexto inserimos a tragédia ocorrida na escola pública de Realengo, no Rio de Janeiro. A ação cometida pelo matador revela a sua demência, revolta, descontrole emocional, que talvez tenha buscado na ideologia de religiões suicidas as respostas que poderia ter tido com um simples acesso aos médicos psiquiátricas, que poderiam ter conduzido de forma diferente o destino desta pessoa. Mas, quem depende do SUS, muitas vezes, morre na fila de espera. Teríamos que ter atacado as causas e não tratado as conseqüências, como está sendo feito agora, pelos órgãos públicos, onde não faltarão, com justa razão, atendimento multidisciplinar para as famílias que sofreram a perda de seus filhos.
É neste terreno, focado em ações multidisciplinares dos órgãos públicos, que podem residir as respostas do que o Brasil precisa: prevenção...prevenção e prevenção. E como ela pode ser realizada???? Eu não tenho a bola de cristal para prever o futuro, mas certamente tenho leitura de mundo e bom senso para arriscar um palpite: maior atenção do setor público e investimento na educação. Mas na educação como um todo, a começar pelo controle da natalidade, distribuição de renda justa, acesso ao mercado de trabalho, assistência médica, condições humanas de moradia, segurança para todos, enfim, sabemos do que o Brasil precisa, exceto alguns dos nossos governantes, que fazem vista grossa a realidade que os circunda.
Toda sociedade espera ver sua escola figurar como manchete de jornal pelo desempenho de seus alunos, pelo aprofundamento dos saberes, pela premiação em projetos, pela qualidade da sua atuação colocando profissionais preparados no mundo do trabalho. Mas o que temos assistido nos desilude: agressão entre alunos e contra os mestres e direção; bullying; troca de papéis: a escola não consegue mais ministrar a educação formal porque a educação informal foi terceirizada, pela família, também para a escola. Assim, o aluno no turno que deveria aprender os conteúdos de cada disciplina precisa aprender a escovar os dentes, conviver com os colegas, sentar corretamente, ser atendido por profissionais específicos e se alimentar. Sim senhores, para quem não conhece a realidade escolar lhes afirmo que muitos pais escolhem a escola para seus filhos de acordo com o número de refeições dadas para as crianças. Então, na minha concepção, a distribuição de “bolsas” sem muitos critérios, pode ajudar sim, mas no sentido de incentivar as famílias a terem mais filhos. E o problema continua sendo jogado para frente, sabe-se lá até quando...
A realidade é que a escola, assim como a segurança e a saúde carecem de atenção, investimento, prevenção. A tragédia do Rio de Janeiro foi somente um caso isolado, mas que precisa ser contextualizado. Talvez, quando essas ações (que Deus nos livre) passem a ocorrer em outros contextos, atingindo realmente as pessoas que detêm o poder, elas venham a ser vistas como um sinal de que o Brasil precisa de ajuda. Mas de ajuda de todos: pais, filhos, governantes, políticos. Não podemos continuar impassíveis, cercando nossas casas e andando em carros blindados. Precisamos isto sim, de ações para o bem público, previstas pela legislação, mas não postas em prática ainda.
Enquanto isso, a escola continuará na coluna errada dos meios de comunicação, ou seja, na coluna policial. E ela não existe para isso.

sábado, 19 de março de 2011

Educação no Brasil: eu cei esqrever

Um momento chocante para todos nós, especialmente para os professores e àqueles que amam a língua portuguesa é visualizar, na tela da televisão, o chamado da Globo News para um programa que será transmitido a respeito da educação no Brasil.


A meiguice da mão infantil, que escreve numa folha a frase eu cei esqrever, demonstra o domínio do som (fonologia), mas a total falta de conhecimento formal que somente uma escola com qualidade pode oferecer ao aluno.


Não é nenhuma novidade que a educação brasileira vem sofrendo decréscimo em qualidade há muitos anos. Desde que foram abolidas algumas disciplinas “pensantes” do currículo escolar, devido aos interesses dos governantes militares de que o povo fosse conduzido por manobras e máscaras da realidade e aceitasse as decisões “passivamente”, sem reclamar sempre achando que “devem ser assim”, fomos perdendo conceitos importantes para nossa formação cultural, especialmente o de liderança e dos valores relacionados à dignidade, idoneidade, correção de caráter.


A lei de Gérson que funcionou para o fim que foi criada de “tirar vantagem em tudo”, passou a ser usada e abusada por todos àqueles que querem justificar seus atos imorais, embora “legais” e se aproveitam das leis e das brechas deixadas pelas mesmas em proveito próprio. É o que vemos na distorção salarial entre os poderes constituídos, através da remuneração recebida pelos funcionários públicos do Poder Executivo e dos outros dois poderes.


Nesse cenário desalentador, no qual insiro a educação, pois é a minha especialidade e da qual entendo e posso dar palpite, causou-me estranheza e perplexidade, mais uma vez, diga-se de passagem, o chamado da Globo News. Todos os meios de comunicação reconhecem a verdade nos segmentos sociais e descobrem, em primeira mão, aquilo que nossos representantes deveriam saber, por antecipação. Para exemplificar, mais recentemente, o escândalo dos pardais somente veio a público porque um jornalista se empenhou em descobrir e comprovar. A situação caótica da educação no Brasil somente é vista na sua amplitude pelos que estão fora do contexto e graças a eles que ainda temos a divulgação real de alguns dados.


No entanto, o assunto educação continua no mesmo patamar. Por mais que os professores apontem, contestem e mostrem que o nosso país carece de mais atenção e investimento em educação, do tempo integral nas escolas, da formação continuada dos professores, no investimento em qualidade dos docentes, nossos representantes, que detêm o poder de assinar e fazer cumprir a lei não fazem nada de concreto, além de promessas vãs ou de acordos eleitoreiros que depois são descumpridos.


O que mais me chocou nestes últimos dias foi a resposta dada pelo Governo Tarso em concordar com todos os pontos da pauta do CPERS. Isso para mim significa descaso e fuga do confronto ideológico. Não havendo confronto e sim concordância continuaremos no mesmo patamar, tanto de salário quanto de competência. A meritocracia, tão combatida pela maioria dos professores acabou sendo afastada da vida de todos nós. Infelizmente, pois queiramos ou não vivemos numa realidade neoliberal, onde os governantes usufruem de todas as benesses que ela propicia. Prova disso é o elevado salário de CCs que o Governador propôs e que foi aprovado, demonstrando, mais uma vez, que àqueles que têm mérito devem ganhar mais. Nem que seja mérito político. Mas é um tipo de mérito. E nós, educadores, ainda nos posicionamos contra a meritocracia.


Nesse passo, certo está o Tiririca, que tem o mérito de ser um craque na arte de ser palhaço, provado pelo número expressivo de votos que obteve na última eleição e dos alunos que continuarão escrevendo por muito tempo “eu cei esqrever”. E quem pode mudar esta realidade? Somente nós, se formos firmes em nossas posições e falarmos mais alto do que o interesse que nos motiva no momento.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Para o Curso de Contabilidade

É muito importante dominar a escrita correta da língua portuguesa. Você poderá treiná-la através de uma série de exercícios, que lhe fornecerá as respostas corretas e o comentário do porquê dos acertos e/ou dos erros. Boa sorte e faça a memória dos casos que achar necessário.
Professora Léa
Passo a serem seguidos.
Acesse: http://www.educarparacrescer.com.br/
Entra em Jogos e clic sobre SEM ERROS DE PORTUGUÊS

quinta-feira, 3 de março de 2011

Reflexão sobre a não reprovação até o 3º ano do Ensino Fundamental


Mais uma vez a educação está na mídia. Mas sempre por interesses obscuros a sua verdadeira finalidade. Quando esperávamos que diante da renovação do parlamento houvesse novidades positivas e motivadoras para a área educacional, duas notícias bombásticas, para quem está focado na educação, preocuparam-me imensamente: a não reprovação até o 3º ano do Ensino Fundamental e a nomeação de Tiririca para a Comissão de Educação da Câmara. Isto mesmo, o semianalfabeto Tiririca (PR de São Paulo) será o titular da mencionada Comissão, a seu pedido e para preencher a vaga que foi “loteada” para seus pares.

O mais grave em tudo isso é a constatação de que tanto a não reprovação quanto a indicação de Tiririca demonstram a pouca ou quase nenhuma importância dada pelos políticos ao assunto. Não reprovar os alunos já é uma prática usada e abusada por alguns professores, “motivados” por motivos dignos, dentre os quais se destacam os dados estatísticos, a manutenção de verbas públicas e outras justificativas, sempre ligadas aos interesses eleitoreiros e nunca à preocupação com a formação integral dos alunos.

Bem verdade que não atuo e nunca atuei em séries do Ensino Fundamental, pelo menos até o 3º ano. Mas sinto o problema quando recebo os alunos no Ensino Médio e, principalmente no pós-médio. Deparo-me com pessoas dignas de pena por terem chegado até o nível médio e não dominarem os rudimentos da escrita e da leitura. São incapazes de interpretar um texto de acordo com as ideias ali expressas; não entendem e nem diferenciam palavras em seus diferentes significados. “Odeiam” escrever. Sim, odeiam, é o verbo usado pelos discentes para esconderem a sua incapacidade de produzir uma frase com sentido completo, sem tocar no mérito da incapacidade demonstrada de entender contextos que exijam conhecimentos prévios de história, geografia, civismo, filosofia.

O tempo vem demonstrando que a linha educacional adotada segue por caminhos opostos às necessidades dos educandos. Àqueles que conseguem vencer o Ensino Médio e cursar uma faculdade têm demonstrado a mínima competência para exercerem a carreira escolhida. Basta analisar o número de erros médicos; de cálculos de engenheiros e de outras aberrações divulgadas diariamente pelos meios de comunicação para se avaliar o grau de aprofundamento, estudo e pesquisa acadêmica que lhes exigiram. E os bachareis em Direito? Como explicar o alto índice de reprovação na prova da OAB a não ser pela falta de estudo, de preparo e de capacidade de ler e interpretar os textos legais. Como ser aprovado num exame elementar, que exige raciocínio, capacidade interpretativa, correção na escrita, se nem oralmente os alunos conseguem se expressar com correção.

Por isso, para não me estender demais, creio que os primeiros anos de escola são essenciais para uma base sólida intelectual, que possibilitará chances de acesso aos demais níveis de ensino. O que continua faltando é uma política educacional séria e compromissada com a verdade. E esta verdade passa, necessariamente, por uma educação comprometida com a qualidade, a aplicação de verbas, a valorização dos professores, a atenção ao estudo hierarquicamente, desde as séries iniciais até as finais.

Ah...quanto ao Tiririca, quem sabe ele nos surpreende e faz com que os políticos alfabetizados passem a pensar como um semialfabetizado. Em tempos de palhaçada, de conchavos políticos inexplicáveis, de falta de oposição, quem sabe um palhaço assumido possa ser a salvação da educação. Neste Brasil de contrastes, tudo pode acontecer. Então, espera-se do Tiririca o que os “letrados” ainda não conseguiram fazer.

BBB: não se pode fugir de comentar este programa de LíDERES......

O Big Brother Brasil em sua 11ª edição está conseguindo se superar. Mas se superar em todos os aspectos, desde a seleção de seus participantes (uma mescla de toda a tipologia humana, com suas virtudes e especialmente suas escolhas pessoais) até a cultura diversificada, onde cada um demonstra a “bagagem cultural” que conseguiu acumular ao longo de seus anos, uma “pobre” bagagem cultural, demonstrada por diálogos e monólogos desinteressantes; fofocas envolvendo assuntos banais; alienação total do mundo que prossegue sua caminhada aqui fora, tudo em busca de um prêmio em $$$ que para ser conquistado deve mostrar ao público qual é o mais ágil, mais ardiloso, mais cheio de planos estratégicos nada criativos. Enfim, um triste reality show de pessoas que se expõem em busca de um prêmio que poderia mudar suas vidas, mas que tempos depois somente acrescenta dinheiro na conta do vencedor, dando-lhe uma sensação momentânea de poder e de riqueza.

Com muita propriedade circula na internet um texto de Luis Fernando Veríssimo que expõe em frases inteligentes e coerentes o que tem sido o BBB 11. Parafraseando Veríssimo, concorda-se que o programa é uma sequência de atos, provas, jogos e outras situações similares que enfatizam e valorizam a banalização do sexo, a falta de valores e de escrúpulos para lidar com as situações, a pouca criatividade inteligente dos participantes, o incentivo ao ganho fácil do dinheiro, no qual o que se tem que fazer é se submeter a situações vexatórias que não emocionam e nem prendem a atenção daqueles que têm um mínimo de discernimento.

Mas o que mais me deixa indignada neste BBB 11, com muito mais ênfase do que nas edições anteriores, é a conotação Pedro Bial quer dar ao termo liderança e a demonstração do que deve ser um líder. Ora, se formos consultar qualquer dicionário vamos encontrar que líder é aquele que conduz, que guia, que faz alguma coisa admirável e por isso é seguida, naturalmente, pelos outros, ou seja, pelos liderados. Assim, me pergunto: que exemplos de liderança temos em pessoas que buscam intrigar, descultural, agredir a nossa inteligência com conversas desconexas, com trajes inadequados e conselhos que não devem ser seguidos?

Imaginemos que o BBB 11 fosse composto de pessoas normais, trabalhadores de diferentes segmentos da sociedade, que mostrassem ao Brasil e ao mundo as deficiências na segurança, as injustiças na saúde, o pouco caso que é dado aos milhares de brasileiros que lutam, para sobreviver e que todos eles assistissem aulas de boas maneiras, de linguagem, de matemática, de economia, e que fossem premiados os que se sobressaíssem nesse contexto. Provavelmente, a arte imitando a vida, teria uma audiência muito maior e prestaria um serviço social ao nosso país, pois os ganhadores do prêmio poderiam ser aqueles que apresentassem melhores projetos de melhoria de vida para o nosso povo. Ao invés de piscina e de sala de musculação, os participantes do BBB poderia conhecer os hospitais, as casas de recuperação de dependentes químicos, fazerem campanhas de educação do trânsito, sair do confinamento e auxiliar os setores mais vulneráveis da sociedade. Enfim, assunto não faltaria, e garanto que boas ideias também não.

No entanto, um BBB nestes moldes não daria tanto lucro à Rede Globo e às operadoras telefônicas, mas certamente daria importância e valor aos brasileiros, mostrando em rede nacional os problemas que temos e que sempre são mascarados por alguns meios de comunicação.

Mas não devemos perder as esperanças de que um dia Pedro Bial vai poder mostrar a todos nós a sua capacidade de jornalista, que tem de sobra, e vai ser protagonista de um programa que realmente mostre o que é ser um líder. Enquanto isso, busquemos outros canais para assistir, pois certamente estaremos valorizando o nosso tempo e a nossa inteligência.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A FALTA DE CIVILIDADE GERA TRAGÉDIAS EM TODOS OS SEGMENTOS SOCIAIS. PORÉM, A HUMANIDADE NATA NOS BRASILEIROS AMENIZA MUITAS SITUAÇÕES


Há alguns meses atrás escrevi uma crônica onde afirmava e demonstrava através de situações reais que o nosso país é feito de contrastes. Agora, mais uma vez, essa afirmativa se confirma, pois não são poucas as situações que nos têm demonstrado a falta de civilidade das pessoas e, ao mesmo tempo, o espírito solidário que temos diante das grandes tragédias que abalam o país.
A tarefa mais difícil é sem dúvida nenhuma falar sobre a falta de civilidade. Civilidade no sentido denotativo do termo: “conjunto de formalidades observadas pelos cidadãos entre si em sinal de respeito mútuo e consideração”. (Aurélio Buarque de Holanda). Nesse contexto, a relação é imensa. O jornal Zero Hora do dia 18 de janeiro do corrente ano traz uma lista interminável, ilustrada com exemplos inimagináveis de situações de pichação; depredação de telefones e da iluminação pública, falta de respeito às normas de trânsito; trotes aplicados especialmente através dos telefones de utilidade pública e os danos feitos no transporte coletivo, sob forma de riscos, fixação de adesivos até a quebra de bancos e de vidros.
Lendo e refletindo sobre os levantamentos trazidos pelo jornal referido ficamos boquiabertos e achando que existe certo exagero. Como é que as pessoas que precisam de todos esses meios colocados à sua disposição, pagos com o dinheiro dos impostos que eles mesmos contribuem, podem apresentar comportamentos tão estranhos e antissociais???? Será que em suas casas fazem a mesma coisa???? Ou, então, na escola???? Muitas vezes, as ações praticadas na escola, em locais públicos, em propriedades alheias não são feitas em suas casas. Pelo menos é o que afirmam os pais quando são convidados a comparecer na instituição educacional para serem cientificados de “certas atitudes’ de seus filhos.
Que estranho mundo é este que temos descortinado em nosso dia a dia. Não respeitamos o que é público, mas cuidamos do que é particular. Isto já é um traço cultural brasileiro inserido que se perpetua em muitas pessoas, de diferentes classes sociais. Exemplos pipocam todos os dias, em diferentes lugares. Basta observar as ações praticadas pela maior parte dos políticos: legislam em causa própria, se sentem donos do poder para o qual foram eleitos democraticamente por certo tempo. Não estão ai os ex-governadores com vencimento vitalício, numa nítida demonstração de desconsideração com o dinheiro público??? Estes são apenas um exemplo, para ilustrar a afirmação. O Presidente Lula, que continua sendo notícia, diante das ações realizadas no final de seu mandato ao solicitar os passaportes diplomáticos para seus filhos e usufruir de um veraneio particular, ao qual já não fazia jus.
Mas, sempre temos uma contrapartida: embora tenhamos toda essa sujeira embaixo do tapete, a solidariedade das pessoas, o trabalho voluntário, a defesa civil e muitas outras organizações não-governamentais que vão surgindo têm amenizado o tamanho da tragédia ecológica que arrasou as cidades do Rio de Janeiro. E assim nós tentamos buscar em grandes ações humanitárias a sublimação de atitudes imorais isoladas daqueles que teriam a obrigação do preservar o que é público e defender o povo, retribuindo os votos que os elevou a pessoas que têm uma vida especial e um julgamento especial, embora se valendo de recursos públicos.
Falta de educação? Falta de diálogo em casa? Falta de orientação? Diante de tantas indagações o futuro deve trazer as respostas para tantas faltas. Quem sabe se partíssemos da velha, mas sempre atual “vergonha na cara” muitas ações indignas seriam deixadas de ser prática cosntante.

A oportunidade faz o ladrão

Por que não começar uma reflexão com um adágio popular? Embora seja um lugar comum e uma forma de começar alguma coisa sem entrar direto no assunto, este velho ditado que nos acompanha desde sempre não é simplesmente um ditado popular já é um princípio consagrado na nossa cultura política. Muitos cronistas e até analistas políticos têm se referido a ele para “justificar” as barbaridades que acontecem no cenário nacional.
Mas vamos por partes: o governo Lula deixou o cargo presidencial com incríveis 87% de aprovação de sua administração. Logo que me deparei com este índice sai buscar em fontes confiáveis a certeza de que havia ouvido direito. Mas é verdade. Todos os meios de comunicação divulgaram essa pesquisa. Os mesmos índices. E em todas as classes sociais.
Então, isso quer dizer que 87% dos eleitores brasileiros ou dos cidadãos entrevistados, de norte a sul do país, aprovam com louvor que o senhor Lula atropele a hierarquia, o bom senso, a norma culta da língua portuguesa, as promessas não cumpridas, o engodo da sua prestação de contas, enfim, tudo aquilo que ele fez e continua fazendo, certo de que está agindo dentro do correto porque detém a aprovação da quase totalidade dos brasileiros.
Por dedução, aplaudimos a não extradição de Cesare Battisti, embora esta já estivesse decidida pelo STF, e somente recebeu o aval do presidente. Batemos palmas para os filhos de Lula, jovens que deveriam ser iguais aos demais brasileiros e com isso não abusar da mordomia ilegal e imoral de que se valeram ao se beneficiarem de passaportes diplomáticos. Que contraste: a fila, criada e cultivada no Brasil não faz parte do dia a dia daqueles que foram eleitos para melhorarem a vida do povo. Para tudo entramos numa fila sem fim: para conseguir uma consulta médica, para retirar medicamentos, para sermos atendidos em órgãos públicos e privados, enfim, a fila anda e nunca tem fim para 87% dos brasileiros que aprovaram as ações do governo que fez tantas coisas boas segundo as pesquisas, inclusive incentivou as últimas ações parlamentares na correção dos salários do Legislativo e por tabela dos cargos importantes dos demais poderes constituídos.
Ah....mas o salário mínimo, os vencimentos dos professores, policiais e demais categorias de base, que mantêm o poder e garante os votos não são levados em conta na hora das benesses. Que saudades do tempo em que tínhamos oposição, dos cara pintadas que saiam nas ruas, liderados pelos mesmos que hoje gozam de todos os benefícios legais propiciados pelo poder.
Os professores, especialmente os que fazem jus ao título acadêmico que conquistaram devem se remoer ao ver que todos os seus ex-alunos, hoje eleitos pelo voto popular, precisavam ter pegado recuperação ou reforço em disciplinas fundamentais, como a língua portuguesa, a ética e a moral. Taí um dos motivos do desinteresse dos jovens em se tornar professores, num país onde a educação continua sendo um gargalo intransponível.
Se “a oportunidade faz o ladrão” precisamos repensar primeiro em educar o povo em outros moldes, afastado dos preceitos do “toma lá, dá cá”. Essa é uma condição essencial que pode oportunizar mudanças de fato, a partir da educação e da cultura.