quinta-feira, 3 de março de 2011

Reflexão sobre a não reprovação até o 3º ano do Ensino Fundamental


Mais uma vez a educação está na mídia. Mas sempre por interesses obscuros a sua verdadeira finalidade. Quando esperávamos que diante da renovação do parlamento houvesse novidades positivas e motivadoras para a área educacional, duas notícias bombásticas, para quem está focado na educação, preocuparam-me imensamente: a não reprovação até o 3º ano do Ensino Fundamental e a nomeação de Tiririca para a Comissão de Educação da Câmara. Isto mesmo, o semianalfabeto Tiririca (PR de São Paulo) será o titular da mencionada Comissão, a seu pedido e para preencher a vaga que foi “loteada” para seus pares.

O mais grave em tudo isso é a constatação de que tanto a não reprovação quanto a indicação de Tiririca demonstram a pouca ou quase nenhuma importância dada pelos políticos ao assunto. Não reprovar os alunos já é uma prática usada e abusada por alguns professores, “motivados” por motivos dignos, dentre os quais se destacam os dados estatísticos, a manutenção de verbas públicas e outras justificativas, sempre ligadas aos interesses eleitoreiros e nunca à preocupação com a formação integral dos alunos.

Bem verdade que não atuo e nunca atuei em séries do Ensino Fundamental, pelo menos até o 3º ano. Mas sinto o problema quando recebo os alunos no Ensino Médio e, principalmente no pós-médio. Deparo-me com pessoas dignas de pena por terem chegado até o nível médio e não dominarem os rudimentos da escrita e da leitura. São incapazes de interpretar um texto de acordo com as ideias ali expressas; não entendem e nem diferenciam palavras em seus diferentes significados. “Odeiam” escrever. Sim, odeiam, é o verbo usado pelos discentes para esconderem a sua incapacidade de produzir uma frase com sentido completo, sem tocar no mérito da incapacidade demonstrada de entender contextos que exijam conhecimentos prévios de história, geografia, civismo, filosofia.

O tempo vem demonstrando que a linha educacional adotada segue por caminhos opostos às necessidades dos educandos. Àqueles que conseguem vencer o Ensino Médio e cursar uma faculdade têm demonstrado a mínima competência para exercerem a carreira escolhida. Basta analisar o número de erros médicos; de cálculos de engenheiros e de outras aberrações divulgadas diariamente pelos meios de comunicação para se avaliar o grau de aprofundamento, estudo e pesquisa acadêmica que lhes exigiram. E os bachareis em Direito? Como explicar o alto índice de reprovação na prova da OAB a não ser pela falta de estudo, de preparo e de capacidade de ler e interpretar os textos legais. Como ser aprovado num exame elementar, que exige raciocínio, capacidade interpretativa, correção na escrita, se nem oralmente os alunos conseguem se expressar com correção.

Por isso, para não me estender demais, creio que os primeiros anos de escola são essenciais para uma base sólida intelectual, que possibilitará chances de acesso aos demais níveis de ensino. O que continua faltando é uma política educacional séria e compromissada com a verdade. E esta verdade passa, necessariamente, por uma educação comprometida com a qualidade, a aplicação de verbas, a valorização dos professores, a atenção ao estudo hierarquicamente, desde as séries iniciais até as finais.

Ah...quanto ao Tiririca, quem sabe ele nos surpreende e faz com que os políticos alfabetizados passem a pensar como um semialfabetizado. Em tempos de palhaçada, de conchavos políticos inexplicáveis, de falta de oposição, quem sabe um palhaço assumido possa ser a salvação da educação. Neste Brasil de contrastes, tudo pode acontecer. Então, espera-se do Tiririca o que os “letrados” ainda não conseguiram fazer.

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