sábado, 19 de março de 2011

Educação no Brasil: eu cei esqrever

Um momento chocante para todos nós, especialmente para os professores e àqueles que amam a língua portuguesa é visualizar, na tela da televisão, o chamado da Globo News para um programa que será transmitido a respeito da educação no Brasil.


A meiguice da mão infantil, que escreve numa folha a frase eu cei esqrever, demonstra o domínio do som (fonologia), mas a total falta de conhecimento formal que somente uma escola com qualidade pode oferecer ao aluno.


Não é nenhuma novidade que a educação brasileira vem sofrendo decréscimo em qualidade há muitos anos. Desde que foram abolidas algumas disciplinas “pensantes” do currículo escolar, devido aos interesses dos governantes militares de que o povo fosse conduzido por manobras e máscaras da realidade e aceitasse as decisões “passivamente”, sem reclamar sempre achando que “devem ser assim”, fomos perdendo conceitos importantes para nossa formação cultural, especialmente o de liderança e dos valores relacionados à dignidade, idoneidade, correção de caráter.


A lei de Gérson que funcionou para o fim que foi criada de “tirar vantagem em tudo”, passou a ser usada e abusada por todos àqueles que querem justificar seus atos imorais, embora “legais” e se aproveitam das leis e das brechas deixadas pelas mesmas em proveito próprio. É o que vemos na distorção salarial entre os poderes constituídos, através da remuneração recebida pelos funcionários públicos do Poder Executivo e dos outros dois poderes.


Nesse cenário desalentador, no qual insiro a educação, pois é a minha especialidade e da qual entendo e posso dar palpite, causou-me estranheza e perplexidade, mais uma vez, diga-se de passagem, o chamado da Globo News. Todos os meios de comunicação reconhecem a verdade nos segmentos sociais e descobrem, em primeira mão, aquilo que nossos representantes deveriam saber, por antecipação. Para exemplificar, mais recentemente, o escândalo dos pardais somente veio a público porque um jornalista se empenhou em descobrir e comprovar. A situação caótica da educação no Brasil somente é vista na sua amplitude pelos que estão fora do contexto e graças a eles que ainda temos a divulgação real de alguns dados.


No entanto, o assunto educação continua no mesmo patamar. Por mais que os professores apontem, contestem e mostrem que o nosso país carece de mais atenção e investimento em educação, do tempo integral nas escolas, da formação continuada dos professores, no investimento em qualidade dos docentes, nossos representantes, que detêm o poder de assinar e fazer cumprir a lei não fazem nada de concreto, além de promessas vãs ou de acordos eleitoreiros que depois são descumpridos.


O que mais me chocou nestes últimos dias foi a resposta dada pelo Governo Tarso em concordar com todos os pontos da pauta do CPERS. Isso para mim significa descaso e fuga do confronto ideológico. Não havendo confronto e sim concordância continuaremos no mesmo patamar, tanto de salário quanto de competência. A meritocracia, tão combatida pela maioria dos professores acabou sendo afastada da vida de todos nós. Infelizmente, pois queiramos ou não vivemos numa realidade neoliberal, onde os governantes usufruem de todas as benesses que ela propicia. Prova disso é o elevado salário de CCs que o Governador propôs e que foi aprovado, demonstrando, mais uma vez, que àqueles que têm mérito devem ganhar mais. Nem que seja mérito político. Mas é um tipo de mérito. E nós, educadores, ainda nos posicionamos contra a meritocracia.


Nesse passo, certo está o Tiririca, que tem o mérito de ser um craque na arte de ser palhaço, provado pelo número expressivo de votos que obteve na última eleição e dos alunos que continuarão escrevendo por muito tempo “eu cei esqrever”. E quem pode mudar esta realidade? Somente nós, se formos firmes em nossas posições e falarmos mais alto do que o interesse que nos motiva no momento.

sexta-feira, 18 de março de 2011

Para o Curso de Contabilidade

É muito importante dominar a escrita correta da língua portuguesa. Você poderá treiná-la através de uma série de exercícios, que lhe fornecerá as respostas corretas e o comentário do porquê dos acertos e/ou dos erros. Boa sorte e faça a memória dos casos que achar necessário.
Professora Léa
Passo a serem seguidos.
Acesse: http://www.educarparacrescer.com.br/
Entra em Jogos e clic sobre SEM ERROS DE PORTUGUÊS

quinta-feira, 3 de março de 2011

Reflexão sobre a não reprovação até o 3º ano do Ensino Fundamental


Mais uma vez a educação está na mídia. Mas sempre por interesses obscuros a sua verdadeira finalidade. Quando esperávamos que diante da renovação do parlamento houvesse novidades positivas e motivadoras para a área educacional, duas notícias bombásticas, para quem está focado na educação, preocuparam-me imensamente: a não reprovação até o 3º ano do Ensino Fundamental e a nomeação de Tiririca para a Comissão de Educação da Câmara. Isto mesmo, o semianalfabeto Tiririca (PR de São Paulo) será o titular da mencionada Comissão, a seu pedido e para preencher a vaga que foi “loteada” para seus pares.

O mais grave em tudo isso é a constatação de que tanto a não reprovação quanto a indicação de Tiririca demonstram a pouca ou quase nenhuma importância dada pelos políticos ao assunto. Não reprovar os alunos já é uma prática usada e abusada por alguns professores, “motivados” por motivos dignos, dentre os quais se destacam os dados estatísticos, a manutenção de verbas públicas e outras justificativas, sempre ligadas aos interesses eleitoreiros e nunca à preocupação com a formação integral dos alunos.

Bem verdade que não atuo e nunca atuei em séries do Ensino Fundamental, pelo menos até o 3º ano. Mas sinto o problema quando recebo os alunos no Ensino Médio e, principalmente no pós-médio. Deparo-me com pessoas dignas de pena por terem chegado até o nível médio e não dominarem os rudimentos da escrita e da leitura. São incapazes de interpretar um texto de acordo com as ideias ali expressas; não entendem e nem diferenciam palavras em seus diferentes significados. “Odeiam” escrever. Sim, odeiam, é o verbo usado pelos discentes para esconderem a sua incapacidade de produzir uma frase com sentido completo, sem tocar no mérito da incapacidade demonstrada de entender contextos que exijam conhecimentos prévios de história, geografia, civismo, filosofia.

O tempo vem demonstrando que a linha educacional adotada segue por caminhos opostos às necessidades dos educandos. Àqueles que conseguem vencer o Ensino Médio e cursar uma faculdade têm demonstrado a mínima competência para exercerem a carreira escolhida. Basta analisar o número de erros médicos; de cálculos de engenheiros e de outras aberrações divulgadas diariamente pelos meios de comunicação para se avaliar o grau de aprofundamento, estudo e pesquisa acadêmica que lhes exigiram. E os bachareis em Direito? Como explicar o alto índice de reprovação na prova da OAB a não ser pela falta de estudo, de preparo e de capacidade de ler e interpretar os textos legais. Como ser aprovado num exame elementar, que exige raciocínio, capacidade interpretativa, correção na escrita, se nem oralmente os alunos conseguem se expressar com correção.

Por isso, para não me estender demais, creio que os primeiros anos de escola são essenciais para uma base sólida intelectual, que possibilitará chances de acesso aos demais níveis de ensino. O que continua faltando é uma política educacional séria e compromissada com a verdade. E esta verdade passa, necessariamente, por uma educação comprometida com a qualidade, a aplicação de verbas, a valorização dos professores, a atenção ao estudo hierarquicamente, desde as séries iniciais até as finais.

Ah...quanto ao Tiririca, quem sabe ele nos surpreende e faz com que os políticos alfabetizados passem a pensar como um semialfabetizado. Em tempos de palhaçada, de conchavos políticos inexplicáveis, de falta de oposição, quem sabe um palhaço assumido possa ser a salvação da educação. Neste Brasil de contrastes, tudo pode acontecer. Então, espera-se do Tiririca o que os “letrados” ainda não conseguiram fazer.

BBB: não se pode fugir de comentar este programa de LíDERES......

O Big Brother Brasil em sua 11ª edição está conseguindo se superar. Mas se superar em todos os aspectos, desde a seleção de seus participantes (uma mescla de toda a tipologia humana, com suas virtudes e especialmente suas escolhas pessoais) até a cultura diversificada, onde cada um demonstra a “bagagem cultural” que conseguiu acumular ao longo de seus anos, uma “pobre” bagagem cultural, demonstrada por diálogos e monólogos desinteressantes; fofocas envolvendo assuntos banais; alienação total do mundo que prossegue sua caminhada aqui fora, tudo em busca de um prêmio em $$$ que para ser conquistado deve mostrar ao público qual é o mais ágil, mais ardiloso, mais cheio de planos estratégicos nada criativos. Enfim, um triste reality show de pessoas que se expõem em busca de um prêmio que poderia mudar suas vidas, mas que tempos depois somente acrescenta dinheiro na conta do vencedor, dando-lhe uma sensação momentânea de poder e de riqueza.

Com muita propriedade circula na internet um texto de Luis Fernando Veríssimo que expõe em frases inteligentes e coerentes o que tem sido o BBB 11. Parafraseando Veríssimo, concorda-se que o programa é uma sequência de atos, provas, jogos e outras situações similares que enfatizam e valorizam a banalização do sexo, a falta de valores e de escrúpulos para lidar com as situações, a pouca criatividade inteligente dos participantes, o incentivo ao ganho fácil do dinheiro, no qual o que se tem que fazer é se submeter a situações vexatórias que não emocionam e nem prendem a atenção daqueles que têm um mínimo de discernimento.

Mas o que mais me deixa indignada neste BBB 11, com muito mais ênfase do que nas edições anteriores, é a conotação Pedro Bial quer dar ao termo liderança e a demonstração do que deve ser um líder. Ora, se formos consultar qualquer dicionário vamos encontrar que líder é aquele que conduz, que guia, que faz alguma coisa admirável e por isso é seguida, naturalmente, pelos outros, ou seja, pelos liderados. Assim, me pergunto: que exemplos de liderança temos em pessoas que buscam intrigar, descultural, agredir a nossa inteligência com conversas desconexas, com trajes inadequados e conselhos que não devem ser seguidos?

Imaginemos que o BBB 11 fosse composto de pessoas normais, trabalhadores de diferentes segmentos da sociedade, que mostrassem ao Brasil e ao mundo as deficiências na segurança, as injustiças na saúde, o pouco caso que é dado aos milhares de brasileiros que lutam, para sobreviver e que todos eles assistissem aulas de boas maneiras, de linguagem, de matemática, de economia, e que fossem premiados os que se sobressaíssem nesse contexto. Provavelmente, a arte imitando a vida, teria uma audiência muito maior e prestaria um serviço social ao nosso país, pois os ganhadores do prêmio poderiam ser aqueles que apresentassem melhores projetos de melhoria de vida para o nosso povo. Ao invés de piscina e de sala de musculação, os participantes do BBB poderia conhecer os hospitais, as casas de recuperação de dependentes químicos, fazerem campanhas de educação do trânsito, sair do confinamento e auxiliar os setores mais vulneráveis da sociedade. Enfim, assunto não faltaria, e garanto que boas ideias também não.

No entanto, um BBB nestes moldes não daria tanto lucro à Rede Globo e às operadoras telefônicas, mas certamente daria importância e valor aos brasileiros, mostrando em rede nacional os problemas que temos e que sempre são mascarados por alguns meios de comunicação.

Mas não devemos perder as esperanças de que um dia Pedro Bial vai poder mostrar a todos nós a sua capacidade de jornalista, que tem de sobra, e vai ser protagonista de um programa que realmente mostre o que é ser um líder. Enquanto isso, busquemos outros canais para assistir, pois certamente estaremos valorizando o nosso tempo e a nossa inteligência.