terça-feira, 18 de janeiro de 2011

A oportunidade faz o ladrão

Por que não começar uma reflexão com um adágio popular? Embora seja um lugar comum e uma forma de começar alguma coisa sem entrar direto no assunto, este velho ditado que nos acompanha desde sempre não é simplesmente um ditado popular já é um princípio consagrado na nossa cultura política. Muitos cronistas e até analistas políticos têm se referido a ele para “justificar” as barbaridades que acontecem no cenário nacional.
Mas vamos por partes: o governo Lula deixou o cargo presidencial com incríveis 87% de aprovação de sua administração. Logo que me deparei com este índice sai buscar em fontes confiáveis a certeza de que havia ouvido direito. Mas é verdade. Todos os meios de comunicação divulgaram essa pesquisa. Os mesmos índices. E em todas as classes sociais.
Então, isso quer dizer que 87% dos eleitores brasileiros ou dos cidadãos entrevistados, de norte a sul do país, aprovam com louvor que o senhor Lula atropele a hierarquia, o bom senso, a norma culta da língua portuguesa, as promessas não cumpridas, o engodo da sua prestação de contas, enfim, tudo aquilo que ele fez e continua fazendo, certo de que está agindo dentro do correto porque detém a aprovação da quase totalidade dos brasileiros.
Por dedução, aplaudimos a não extradição de Cesare Battisti, embora esta já estivesse decidida pelo STF, e somente recebeu o aval do presidente. Batemos palmas para os filhos de Lula, jovens que deveriam ser iguais aos demais brasileiros e com isso não abusar da mordomia ilegal e imoral de que se valeram ao se beneficiarem de passaportes diplomáticos. Que contraste: a fila, criada e cultivada no Brasil não faz parte do dia a dia daqueles que foram eleitos para melhorarem a vida do povo. Para tudo entramos numa fila sem fim: para conseguir uma consulta médica, para retirar medicamentos, para sermos atendidos em órgãos públicos e privados, enfim, a fila anda e nunca tem fim para 87% dos brasileiros que aprovaram as ações do governo que fez tantas coisas boas segundo as pesquisas, inclusive incentivou as últimas ações parlamentares na correção dos salários do Legislativo e por tabela dos cargos importantes dos demais poderes constituídos.
Ah....mas o salário mínimo, os vencimentos dos professores, policiais e demais categorias de base, que mantêm o poder e garante os votos não são levados em conta na hora das benesses. Que saudades do tempo em que tínhamos oposição, dos cara pintadas que saiam nas ruas, liderados pelos mesmos que hoje gozam de todos os benefícios legais propiciados pelo poder.
Os professores, especialmente os que fazem jus ao título acadêmico que conquistaram devem se remoer ao ver que todos os seus ex-alunos, hoje eleitos pelo voto popular, precisavam ter pegado recuperação ou reforço em disciplinas fundamentais, como a língua portuguesa, a ética e a moral. Taí um dos motivos do desinteresse dos jovens em se tornar professores, num país onde a educação continua sendo um gargalo intransponível.
Se “a oportunidade faz o ladrão” precisamos repensar primeiro em educar o povo em outros moldes, afastado dos preceitos do “toma lá, dá cá”. Essa é uma condição essencial que pode oportunizar mudanças de fato, a partir da educação e da cultura.

Um comentário:

Charlyne disse...

Com tantas oportunidades é facil se tornar ladrão, em suas palavras o 'toma lá, dá cá', é como vem pensando o brasileiro.
87% de aprovaçao o governo do Lula?
isso é a resposta dos brasileiros por tanta falta de respeito que viemos recebendo.