domingo, 19 de dezembro de 2010

Natal e final de ano: como acertar na escolha do presente e do cardápio?



A maior preocupação que nos acomete em épocas natalinas e de passagem de ano é, sem dúvida nenhuma, a de preparar um cardápio variado e farto, comprar presentes e lembranças para as pessoas que queremos bem e nos são próximas e que cheguem logo as duas noites que mereceram tantas atenções: a da véspera do natal e a do dia 31 de dezembro. Envolvemos-nos tanto com esses preparativos e no dia seguinte, além do cansaço físico que sentimos temos uma sensação de angústia, de vazio, de que precisamos recolocar nos lugares tudo àquilo que foi retirado; de que temos de “recompor” o aspecto físico dos locais usados; ”dar um jeito” nas sobras do excesso de comida e bebida, enfim, para iniciar o novo ano temos de pôr tudo em dia.

Eu sempre me questiono se vale à pena tanto trabalho e sacrifício. Sim, trabalho e sacrifício, mesmo que entendidos no bom sentido, se é que pode ter bom sentido quando a gente percebe essas atitudes como algo que se faz porque todos fazem. O apelo ao consumismo e ao modismo chega muito antes do mês de dezembro. E à medida que os dias passam nós vamos entrando na onda de comprar coisas desnecessárias, aumentando o número de enfeites, ampliando a lista de convidados para as ceias, participando de amigos secretos nos locais que frequentamos, enfim, corremos tanto, tanto, tanto, que chegamos nas datas esperadas e nos sentimos frustrados. Por que esse sentimento ou sensação?

Particularmente, sinto depois das festas de final de ano uma sensação de que não saciei a fome que achava que teria. Por isso estou pensando, neste ano, embora vá fazer tudo novamente o que sempre faço, seguindo uma receita previamente aviada por todos meus conhecidos, descobrir o que é que falta para completar a felicidade que deveria sentir. A expectativa que colocamos nessas datas é tanta que nos sentimos decepcionados depois que elas passam e olhamos os restos do que sobrou. Parece que faltou alguma coisa e faltou mesmo. A preocupação excessiva com as coisas materiais nos tira o tempo de praticar coisas realmente importantes e que nos trariam mais alegria, como a solidariedade, por exemplo.

Sim, a solidariedade, valor esquecido em nossos dias e que quando praticado precisa render comprovação, fotografias, divulgação. É isso mesmo, a solidariedade deveria ser vista como a dedicação de um tempo dos nossos dias para ações que nos tragam felicidade interior. Mas que não sejam, divulgadas, pois a intenção é essa mesma, permanecer no anonimato. Sentir-nos bem interiormente e fazer algo prazeroso. Não dando uma roupa ou um prato de comida para alguém, um “ajutório” na sinaleira ou na saída do mercado, jogando 1 quilo de alimento numa caixa de papelão, colocada estrategicamente nos locais públicos, de grande fluxo de pessoas. Nem trazendo um pobre ou sete inocentes para sentar numa mesa e fazer uma ceia farta, num dia diferente ou distante daquele que vamos fazer a ceia em família.

A solidariedade que necessito praticar é outra solidariedade. É uma solidariedade mais completa, que me envolva de forma consciente, que eu pratique de boa vontade e direcionada a pessoas que precisam de uma palavra, de mais atenção, que não termine quando eu realizo e ação e nunca mais volto para saber como a mesma se refletiu. Ah, agora estou vendo mais claro. A solidariedade que preciso aprender a praticar é a do trabalho voluntário. E para isso não preciso ir muito longe. Basta ter a sensibilidade de perceber àqueles que precisam de uma visita, de um conforto, de um carinho. Nada a ver com pobreza, falta de alimento, carência de roupa. A disponibilidade e o cuidado que alguém merece deve estar desvinculada da condição econômico-social. Ela precisa refletir atenção, carinho, sinceridade, não importando se dirigida a crianças, adolescentes, adultos, idosos. Nem tampouco em que lugar eles residem. Às vezes, o carente de atenção e carinho está sentado ao nosso lado, convive conosco todos os dias.

Neste ano vou tentar fazer a diferença. Vou olhar mais para os lados. Vou pedir ao Papai Noel de presente mais humildade e como prato principal na ceia da minha casa vou servir uma salada de compreensão, carinho, respeito e atenção para todos.

Bom Natal a todos meus amigos, virtuais ou não, e que o presépio com toda a sua simbologia esteja presente em cada lar, através de ações concretas, verdadeiras. Talvez, assim, na virada do ano, a sensação seja e de completude.

Esta crônica e outras mais estão postadas em: http://www.clicsoledade.com.br/  na seção dos artigos, colunista Léa Maria Brito Teixeira


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