domingo, 1 de abril de 2012

Refletindo sobre o momento atual da educação...

COMO SERÁ O ILETRADO BRASILEIRO DO FUTURO?






A partir do artigo publicado por David Coimbra , intitulado “O que não ler” escrevo esta reflexão porque ele tocou num ponto que me deixa apreensiva e angustiada: como serão os nossos leitores do futuro?

Considerando que os alunos leem com maior frequência nos anos iniciais do Ensino Fundamental de 9 anos, fato constatado pelo controle das bibliotecas escolares e pelo incentivo dado pelos professores dessa fase, as crianças conhecem a literatura escrita muito cedo e se apaixonam pelos livros. Leem muito, retiram obras quase que diariamente. Os professores leem em voz alta e contam, recontam, encenam as histórias.

Quando os alunos passam para o regime de seriação por disciplina, no 6º ano ou antiga 5ª série, eles vão se afastando das bibliotecas. No Ensino Médio a situação tende a piorar e nem os livros clássicos literários, recomendados pelos professores e com vistas ao vestibular, motiva-os a ler (claro que há exceções). Eles querem ver e ouvir apenas o que lhes agrada e nisso a televisão brasileira oferece um leque de programas fúteis, que não os levam a lugar nenhum, pelo contrário, preenche boa parte de suas horas com programações que não valem “um parágrafo” de uma leitura formativa ou informativa.

De modo geral, o aluno do ensino médio demonstra uma alienação à leitura, especialmente de livros do tipo literário. Ele se acostumou rapidamente à era digital e passou a desconsiderar que para escrever textos corretos, mesmo nos meios midiáticos, ele necessita do estudo das normas gramaticais e da leitura. O linguajar criado nas redes sociais demonstra o nível dos nossos alunos, que digitam errado, cometem erros ortográficos terríveis e se valem de abreviaturas que nem sequer existem na língua portuguesa.

Considerando a calamidade em que vive a educação do nosso país surge uma possibilidade, através do Ensino Politécnico, de resgatarmos essa lacuna que ficou na vida escolar dos nossos alunos. E posso garantir com conhecimento de causa que os alunos finalistas do ensino médio não sabem redigir parágrafos dissertativos, por exemplo, porque lhes faltam leitura e conhecimento dos assuntos que são sugeridos. Como vão se posicionar criticamente, sobre determinado tema senão leem nada sobre ele????

A introdução da disciplina de Seminário como um acréscimo à carga horária oportunizará ao aluno estudar a pesquisa e o seu valor dentro do contexto formal, atribuindo importância à escrita correta, pois quando ele tiver de elaborar a apresentação ou o relatório escrito daquilo que pesquisou certamente deverá escrever corretamente as suas considerações e conclusões.

Fazer acontecer um Ensino Médio Politécnico exige, inicialmente, que os professores se desacomodem, trabalhem em equipe, integrados, que façam seu planejamento em conjunto, que trabalhem por projetos, de forma interdisciplinar. E isso não é fácil porque nos acostumamos a trabalhar sozinhos.

O mundo mudou. As relações sociais não admitem mais que vivamos sozinhos. A escola tem de acompanhar o mundo que está fora de seus muros. A Formação Continuada, prevista pela LDB de 1996, assegura que o Estado oportunize formação aos seus professores. E o Estado está fazendo a sua parte. Não adianta exigirmos dos alunos aquilo que nós, professores, não estamos mais priorizando. Precisamos estudar, nos reciclar, acompanhar os meios midiáticos. Não podemos entrar em sala de aula sem dominar os conteúdos que devemos ensinar e formalizar.

Por isso que afirmo, contrariando David Coimbra, que os futuros leitores poderão ser bem preparados, motivados, entendidos e críticos, se tiverem o exemplo dos professores a lhes mostrar que é por ai que eles vão vencer e se tornar alguém no mercado de trabalho. No momento concordo com Coimbra.

O Ensino Médio da forma como estava sendo ministrado não estava atendendo às necessidades dos alunos. Basta analisarmos as taxas de evasão e repetência e as reprovações em concursos e vestibulares. Então, por que não abraçarmos o Ensino Politécnico com um olhar positivo, levando à frente os seus objetivos e pretensões?

Exercitar uma nova forma de ensinar é um desafio, é assumir a responsabilidade de tentar o novo, de tornar o nosso aluno uma pessoa capaz de ler e escrever, entender as mensagens que lhe chega através de diferentes meios e prepará-lo para o amanhã, sendo, sobretudo, um bom leitor do mundo que o cerca.
Publicado no: http://www.clicsoledade.com.br/artigos


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