sexta-feira, 24 de julho de 2009

COMETÁRIOS SOBRE FATOS ATUAIS

A IGUALDADE ASSEGURADA PELA CONSTITUIÇÃO FEDERAL É PARA SER PRESERVADA E NÃO PARA SER DESVIRTUADA

Desde a edição da Constituição Federal de 1988, conhecida como a Constituição Cidadã, passamos a ter nossos direitos legalmente reconhecidos e positivados, embora a realidade vivenciada no dia a dia esteja longe de respeitar os preceitos estabelecidos pela Lei Maior.
A IGUALDADE DE TODOS é mencionada e enfatizada por todos, mas reconhecida por poucos. O cenário atual brasileiro, muito bem definido por Adair Philippsen[1], reportando-se a um ditando cancioneiro nordestino que diz:”muda-se a lei, não se muda o Sarney”, retrata a triste crise institucional patrocinada pelos homens comuns, eleitos pelo povo, que depois da eleição se consideram acima “da lei e de qualquer suspeita”, esquecendo-se das promessas feitas nos palanques, em cima das quais se elegeram. Dessa forma, constata-se que a ideologia que os conduziu ao cargo para o qual foram eleitos logo passa a fazer parte da massa falida e podre que se perpetua no Brasil desde o dia em que foi descoberto. Descoberto, diga-se de passagem, para ser um país de futuro, devido à sua grandiosidade territorial, riqueza do solo e condições propícias para abrigar diferentes etnias, tornando-se a nova pátria de imigrantes de todos os continentes.
Mas, o que assistimos hoje é uma caricatura desconcertante dos conchavos políticos em benefício próprio. Com certeza, todas as democracias permitem coligações partidárias, desde que “os conflitos ideológicos e pragmáticos não sejam insuperáveis”[2]. Como explicar a aproximação de pessoas tão diferentes, que se digladiaram num passado recente, em nome do bem-estar na nação, a exemplo de Lula, Collor, Renan Calheiros e Sarney, que num passado recente se encontravam em lados contrários e hoje se autodefendem para preservar as benesses que conquistaram ao longo de seus mandatos, conduzidos democraticamente pelos eleitores.
Diante dessas aberrações é que surgem as disparidades salariais entre motoristas do Senado e policiais civis e militares; professores e empregadas domésticas, enfim, entre os que servem aos “eleitos pelo povo” e os que continuam a trabalhar para “os eleitos pelo povo”.
Até quando vai isso....? Não sei, mas continuarei a registrar a minha inconformidade e indignação, bem como prosseguirei na missão de “professar” para os meus alunos o livre arbítrio, única arma disponível para expressar esta etapa difícil com a qual convivemos.
Felizmente a imprensa é livre e os meios de comunicação nos permitem externar, “sem censura” a opinião de quem estudou para pensar, tem por obrigação motivar os outros a pensar e também tem em suas mãos a maior arma para entrar nessa guerra: a palavra, o giz, a caneta. Claro que nem se compara com a qualidade e o prestígio das canetas que assinam leis favoráveis à minoria. Mas sempre é uma arma que pode servir para o futuro.
Em tempo: divulgado nesta semana o resultado de uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, no Brasil e em outros países, acerca do grau de confiança e desconfiança das pessoas em relação a diferentes profissões.
Em primeiro lugar, em grau de confiabilidade e respeito, foram apontados os BOMBEIROS, estimados, queridos e elogiados pela sua coragem, honestidade e prestação de serviço às pessoas, sem receber nada em troca, além do minguado salário, de flores, bombons e abraços.
No entanto, também em primeiro lugar, mas na escala de DESCONFIANÇA, disparadamente, sem sombra de dúvida, com larga vantagem de pontuação, a CLASSE POLÍTICA, adjetivada de corrupta, interesseira, eleitoreira e outros “eiras” a mais, que no final justifica o desencanto do eleitor brasileiro com seus representantes políticos.

[1] Juiz de Direito, em artigo escrito na Zero Hora de 15 de julho de 2009, página 15, denominado “De comuns e incomuns”.
[2] Editorial de Zero Hora, 16 de julho de julho de 2009, p. 20.

Nenhum comentário: